sábado, 28 de fevereiro de 2009

Inovar para que? Vale a pena?

Caros amigos,

Será que estamos prontos para quebrar as amarras da nossa rotina e encarar de frente e com uma nova visão os desafios de fazer coisas novas ou as mesmas coisas de maneira realmente diferente? Porque devemos nos preocupar com isso? Não é mais cômodo continuar na rotina, sem riscos? Quais os custos pessoais e profissionais envolvidos?

Inovação não é apenas mais uma nova onda na qual empresas e organizações "marketeiras" se apoiam para sustentar imagem de mercado, mesmo que de maneira vazia, como tem ocorrido na história recente, seja no mercado, seja nas organizações em geral e até nos governos...

Existem exemplos que no mínimo deveriam nos incomodar e fazer pensar, em várias direções e em várias instâncias, do pessoal ao profissional e organizacional.

O que podemos aprender com esses e tantos outros exemplos, para nossas vidas e para a nossa atuação diária frente aos nossos desafios profissionais? Será que temos que esperar a empresa inovar? O mercado inovar? O marido ou a esposa inovar? O amigo inovar? O filho inovar? Será que inovar significa não esperar nada? Fazer antes? Ou fazer junto com outros que se lançam cada vez mais nessa mesma direção?

Quem já teve a oportunidade de pesar na balança os riscos de fazer algo novo X os riscos de não se fazer nada deve ter tido uma surpresa muito agradável na grande maioria dos casos. Os riscos da inovação valem a pena ...

Vejam alguns exemplos do mercado:

"Em 1994, a Nokia entrou em um projeto de inovação. Seu negócio principal naquela época era a borracha (pneus, botas de borracha, etc.). Esse projeto capacitou a Nokia para criar um crescimento explosivo em um novo mercado por meio da "humanização da tecnologia" (algo inovador para a indústria de telecomunicações) e produziu alguns dos resultados mais espetaculares na história da indústria.

Uma empresa de borracha (que antes foi de papel) foi capaz de se tornar líder, ultrapassando todos os concorrentes tradicionais e obtendo 1/3 de market share (o segundo colocado tinha somente 1/10 de participação no mercado). Por causa dessa dinâmica de inovação, a Nokia, uma empresa madura com $ 5 bilhões/ano de receita no início do projeto se tornou um companhia de $ 25 bilhões/ano 5 anos após o projeto (hoje possui em torno de $ 50 bilhões/ano).

Em 1999, outro líder da indústria decidiu realizar uma dramática mudança estratégica para garantir o seu futuro com inovação. A Whirlpool, líder mundial em produtos da linha branca, decidiu implementar um projeto global para criar uma companhia com ampla competência em inovação. O projeto consistiu em desenvolver um processo sistemático para que a Whirlpool tivesse um processo interno contínuo para desenvolver novos insights e perspectivas, criar e testá novas opções.

Uma equipe de 25 pessoas das mais diversas áreas da Whirlpool América Latina (antiga Multibrás, com as marcas Brastemp e Cônsul) foi reunida para iniciar o projeto. Elas foram treinadas com as ferramentas, técnicas e tecnologias da inovação do modelo de negócios. À medida que eles iam aplicando essas metodologias, os resultados foram aparecendo.Em um período de 5 anos, a Whirlpool dobrou seu valor de mercado e criou um fluxo de novos projetos com receitas de $ 3 bilhões/ano (pelas estimativas deles). Três cases sobre o projeto (HBS 9-705-463-A / B / C) foram escritos e são utilizados como materiais didáticos na Harvard Business School; e hoje a Whirlpool está entre as 100 mais inovadoras empresas classificadas pela Business Week Magazine (a revista de negócios com maior circulação no mundo)."

Acho que no mínimo uma reflexão sobre nossa postura frente à necessidade de inovar e principalmente frente ao movimento consciente e estruturado de encarar e viver esses momentos de inovação se faz necessária.

No universo, só temos 2 alternativas, ou estamos nos movendo à frente, ou estamos nos movendo para traz... Pelas leis da física, não existe ausência de movimento e nem ausência de energia, mas existe sim a inércia do nosso movimento.

Quem pensa que está parado se escondendo sob a cômoda rotina diária, tentando se auto preservar, na verdade está se movendo para traz inercialmente, tem que impelir um enorme esforço para frear o retrocesso e iniciar um movimento à diante. Quem já se move à frente, já está inercialmente refletindo sobre como fazer o novo, como fazer de forma diferente, essa inércia é produtiva e não é apenas mais uma onda de mercado.

Os exemplos comprovam que vale a pena.

Bom dia! Pense! Seja Feliz!

2 comentários:

  1. Tenho sérios dilemas em relação a este tema. O que é inovar ? Em uma empresa é criar mecanismos para que os processos se tornem mais eficientes, se obtenha redução de custos , ganho de produtividade e se aumente a fatia em relação ao Market Share, sim , seria este o objetivo no cenário voltado a business nos tempos de hoje. Mas isto esta alinhado e vai benefeficiar quem ? Os acionistas ? os vorazes consumidores ? Os fornecedores ? Os empregados ? suas familias ? a sociedade ? Todos ? Não ! Pra mim inovar é conseguir manter intacto o ecosistema ou no mínimo se garantir a sua renovação. A arte de inovar carece de uma inovação ainda maior hoje para que seja possível rever todos os processos atuais de produção, na maneira que consumimos
    e utilizamos os recursos disponíveis. No rítmo frenético que vivemos hoje, estamos manchando todo o planeta. Quaquer forma de inovação que não esteja comprometida em se criar novos hábitos , um novo consumidor que nem digo comprar um produto , mas usufruir de um produto tenha ali embutido o conceito de Fair Trade , 'comércio' e que se tenha não ganhos de escalas de produção , mas ganhos de escala em conscientização, de se criar produtos que possam ser 'shareados' , voluntarianismo pra que possamos chegar a um nível de educação que se possa um dia existir um controle de natalidade. Ao invés de termos empresas onde a ordem do dia seja ser mais agressivo , ser competitivo ... deveríamos ter alíados e todos nós deveríamos buscar sempre uma forma de cooperação, de equilíbrio. É isso. Sei que esse texto soa meio Greenpeace, até é , porque no fundo vivemos nos enganando do que agimos bem , mas a realidade pra mim , é que nos nosso dia a dia de trabalho geramos muita desigualdade e que somos cúmplices de um modo falido de fazer as coisas.

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  2. Caro Brisolla,

    Tenho notado uma tendência em vincular ações ou conceitos de sustentabilidade aos processos de inovação. Este vínculo é extremamente saudável e oportuno, porém precisamos separar os conceitos para aumentar as suas alternativas. A sua junção pode limitar as forças de criação e inovação.

    É claro que pelo nosso bom senso seria no mínimo prudente que toda e qualquer inovação levasse em consideração as questões de sustentabilidade, seja na esfera ambiental, seja na esfera social, porém se vincularmos os dois conceitos acabaremos limitando as possibilidades.

    Suas preocupações com a sustentabilidade são mais do que urgentes e eu concordo com elas, mas acho que podemos ver ainda nas filigranas, um movimento irreversível de criação de novos espaços de inserção das pessoas no processo de geração de riqueza e no usufruto de saúde, educação, cultura, acesso ao trabalho, entretenimento e cidadania.

    Vamos ver o que a questão da Web 2.0 e a criação das comunidades tem a contribuir para esta questão.

    Tenho uma forte convicção de que a maneira como as pessoas se relacionam com as organizações e com o trabalho estão prestes a mudar radicalmente e definitivamente.

    As principais forças que movem esta tendência são justamente a Web 2.0 e a conscientização das classes mais pobres e carentes de inclusão, de sue potencial e de suas possibilidades como sendo seus próprios agentes de mudança.

    Temos acompanhado diversos fenômenos ainda sutis que já vem afetando os hábitos de consumo e as manifestações de expressão e comunicação (colaborativa) que vem das classes mais pobres.

    Em breve falarei sobre a minha visão do papel da Web 2.0 e das "Comunidades 2.0" com o mercado, com as corporações e com as relações de trabalho, e a “descomponentização” das grandes empresas em cadeias de colaboração.

    A força da integração de plataformas tecnológicas que hoje sustenta a Web 2.0 com SOA / BPM nas organizações deverá mudar radicalmente o mercado no futuro próximo e a corrente do B2C deverá inverter sua direção e em seguida tornar-se uma via de duas mãos.

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