A Resposta clássica (muito clássica para algo tão inovador...) é: É um espaço paralelo na Web, usado por nós – pessoas normais – para expressar o que pensamos, sentimos, conhecemos, nossa visão sobre qualquer assunto, arte, pontos de vista e qualquer outra manifestação, de forma quase anárquica, mas organizada e responsável.
Hoje podemos dividir esse espaço praticamente em duas categorias de expressão:
1. Conteúdo gerado por usuários ou “Wikis”:
● http://www.youtube.com/
● http://www.digg.com/
● http://www.myspace.com/
● http://www.wikipedia.org/
● http://www.answers.com/
2. Programas gerados por usuários ou "mashups":
● http://www.chicagocrime.org/
● http://www.programmableweb.com/
● http://www.netvibes.com/
● http://www.geoblogger.com/
Ou seja, a internet está deixando de ser uma simples conexão passiva de pessoas ou organizações, onde podemos nos comunicar trocando informações on-line / real-time ou disponibilizando grandes porções de conteúdo e mídia, para um espaço onde a colaboração chega ao nível da criação conjunta de conteúdo, dados e serviços web, on-line / real-time. A grande revolução vem da conjunção de dois outros fenômenos presentes hoje: o da criação de comunidades alinhadas em torno de temas específicos mas com fronteiras espalhadas globalmente e o do livre acesso a novas tecnologias através dos conceitos de free-software e open-source (veja http://www.opensource.org/).
Chicagocrime.org é um site que reúne estatísticas sobre o crime em Chicago, e dispõe as informações geograficamente usando mapas da cidade disponíveis no Googlemaps.Com. Com isso, qualquer um pode verificar as taxas de crimes em sua vizinhança e perguntar ao site qual caminho entre sua casa e seu trabalho apresenta a menor taxa de ocorrência de crimes.
O site foi criado por um jornalista e está disponível para todos. O mais incrível é que ele simplesmente aproveitou programas, códigos e conteúdos públicos já disponíveis na web para criar um novo serviço acessível a toda a comunidade interessada. Esse é um perfeito exemplo de “mashup”, termo que designa a criação de novos programas e serviços web, aproveitando código e conteúdo disponíveis publicamente.
Mas afinal, o que é um "mashup"?
De acordo com a Wikipedia.Org “mashup é uma aplicação que combina conteúdo de mais de uma fonte em uma experiência integrada, ou seja, um serviço que adquire conteúdo e funcionalidades de múltiplas fontes mostrando tudo junto em um novo serviço”.
O termo vem da indústria fonográfica americana. Ainda de acordo com a Wikipedia.Org, mashup, ou bastard pop, ou bootleg, é um gênero musical que consiste em combinar digitalmente a melodia de uma música com a letra de outra, normalmente em estilos completamente diferentes. O objetivo de um mashup é criar uma música completamente nova, sem referências diretas das duas ou mais canções originais.
De acordo com a respeitada BusinessWeek, os mashups já são um fenômeno de massa que vão trazer importantes implicações a médio prazo - "O que eles estão realmente oferecendo, é o futuro da World Wide Web. Repentinamente, ondas de programadores voluntários estão se organizando eletronicamente para combinar e “remixar” dados e serviços da web não relacionados, eventualmente até concorrentes. O resultado são ofertas totalmente novas de serviços e programas chamados mashups, totalmente livres e acessíveis por qualquer usuário sem custo.”
De acordo com o Answers.Com, o termo mashup já é popular desde 2005, e já teve até concurso internacional, patrocinado por gigantes do setor de tecnologia da informação como Adobe, AOL, Sun Microsystems, Microsoft, Google e Yahoo!, entre outras, o qual foi organizado no Computer History Museum em Mountain View na California no ano passado (http://www.mashupcamp.com/). O vencedor do concurso foi o http://www.podbop.org/, que combina as funcionalidades de um mecanismo de busca de shows e concertos musicais com amostras de músicas dos artistas em formato MP3, dos sites das próprias bandas. O segundo lugar foi para o Chicagocrime.Org já mencionado. A próxima edição do concurso vai ocorrer agora entre 15 e 16 de Janeiro de 2007 em Boston, com patrocínio nada mais nada menos do que da austera MIT.
Os inúmeros sites de conteúdo pessoal são outro fenômeno a parte. Mesmo no Brasil, os jovens não se contentam mais em apenas encher as salas de chat dos provedores mais populares, ou em se organizar em comunidades com assuntos e opiniões específicas, como nas comunidades do http://www.orkut.com/. Suas conversas intermináveis sobre qualquer assunto ou sobre todos os assuntos, já são públicas e de livre acesso a qualquer pessoa através de inúmeros blogs, a diferença é que agora eles estão criando música, vídeo, animação e várias outras mídias eletrônicas combinadas em casa, na escola ou em grupos, e disponibilizando tudo para acesso livre na Web.
Esse movimento gera um enorme volume de acesso e de novos dados criados e armazenados na rede todos os dias, inflando a rede de maneira exponencial e exigindo investimentos na melhoria e no crescimento da infra-estrutura global da Web.
Até hoje, a informação e conseqüentemente a cultura e a opinião das pessoas, eram influenciadas a partir de quem costuma deter o poder político e econômico. Com o livre acesso a novas tecnologias e o agrupamento de poderosas ferramentas de comunicação nas mãos de comunidades livres que se reúnem e trocam informação globalmente a custos ínfimos, este movimento começa a se inverter. Pela primeira vez na história qualquer pessoa com acesso a Internet pode irradiar idéias e discutir conhecimento e opiniões, ampliando um novo fenômeno de “contra-cultura digital” que ainda será seriamente estudado como o grande fenômeno de comunicação e comportamento do século XXI.
O cinema e outras formas populares de entretenimento tradicional e “institucionalizadas” nunca tiveram tanta concorrência de outros canais cada vez mais democratizados, levando à criação de uma diversidade de tribos, comunidades e grupos de toda a sorte. Todo esse movimento tende a impulsionar as pessoas acima das organizações, das grandes companhias e dos governos, democratizando de fato a troca de experiências em escala nunca antes experimentada.
Esse é o principal foco estratégico de grandes empresas de tecnologia da informação, já tradicionais no mercado, como a IBM, a Microsoft e outras, em contraponto com empresas totalmente novas como a Google, cujo principal ativo é a penetração e a fidelidade cada vez maior de enormes massas de usuários da rede em escala mundial. É o que se chama de Era da Participação.
De qualquer forma, a infra-estrutura cresce de acordo com a demanda, e gera muito capital e muita riqueza, mas que, apesar de todo o movimento de democratização da criação e do acesso a conteúdo, ainda não se mostra de fato como uma opção econômica real para fortalecer a conhecida “terceira via” através da Web.
Voltando aos mashups, pergunte a 10 auto-proclamados desenvolvedores de mashup o que eles fazem e o que é um mashup e você pode terminar com 10 respostas diferentes.
Mashups são programas de computador caracterizados por seu desenho que aproveita funcionalidades e conteúdo de duas ou mais fontes diferentes na web (onde normalmente ao menos um deles não é de domínio do desenvolvedor) para produzir um novo e criativo serviço web. Por exemplo, um observador de pássaros “mashed-up” seu próprio banco de dados de pontos de observação de pássaros com um conjunto de coordenadas de GPS e os relaciona com os mapas disponíveis no Googlemaps.Com. O resultado é uma página web onde todos os pontos de observação do nosso aficionado, podem ser vistos de forma interativa sobre os mapas ou as imagens de satélite da Google, mesmo sem a participação ou a anuência do web site.
Mashups podem facilmente envolver a combinação de múltiplas fontes de programas e dados, dos quais o desenvolvedor não tem qualquer domínio, (está é a forma mais comum de mashup). Em muitos casos, um mashup dá aos seus visitantes, a oportunidade de acrescentar novos dados. Um exemplo desta estratégia pode ser um mashup onde usuários de telefones celulares podem plotar qualquer área de sombra ou sinal fraco de suas operadoras (not-spot). O resultado deste mashup depende exclusivamente da colaboração de muitos usuários que podem agregar informações diariamente sobre novos pontos de sombra no sinal de uma determinada operadora, bem como possíveis melhorias que podem vir a ocorrer quando uma operadora tem seus “not-spots” publicamente expostos dessa forma.
Para outros exemplos, vale a pena gastar um tempo visitando o índice criado por e mantido por John Musser no site http://www.programmableweb.com/. Aqui, o internauta pode encontrar uma grande matriz de funcionalidades e conteúdos interrelacionáveis, e uma grande relação de mashups prontos ou em desenvolvimento. Você pode até combinar seus conhecimentos e eventualmente programas ou conteúdos que você tem acesso, para colaborar com a criação ou ampliação de mashups por todo o mundo.
Para facilitar a re-utilização de seu conteúdo e de suas funcionalidades, muitos web sites disponibilizam APIs (interfaces de programação de aplicações) para fazer seu conteúdo ou funcionalidades mais acessíveis para desenvolvedores que usam JAVASCRIPT e técnicas conhecidas como AJAX na construção de seus mashups. No site de John Musser (http://www.programmableweb.com/) , é possível encontrar um índice com os APIs públicos mais populares, além de um ranque, baseado no número de mashups que usam cada uma das APIs mais difundidas.
De acordo com Grant Holland, o conceito de Web 2.0 começou e uma sessão de “brainstroming” em uma conferência entre O'Reilly Inc e o MediaLive International. Dale Dougherty, pioneiro da web, e Vice Presidente da O'Reilly Inc, percebeu que desde o princípio, a web sempre tem sido “mais importante do que nunca” trazendo novas aplicações e sites em uma verdadeira corrida que no início confundiu até os mais experimentados analistas de mercado. Mais ainda, as companhias que surgiram e sobreviveram ao grande colapso da Bolha das Ponto.Com deveriam ter algo especial em comum para ter sobrevivido e se consolidado como um negócio novo e viável. A partir deste ponto, o advento de novas tecnologias que elevam a capacidade de processar e produzir informações para dentro da Web, pode representar um novo turn-point na expansão e aplicação da web. Assim sendo um termo como Web 2.0 fez sentido na conclusão da discussão, e assim nascia o termo e a conferencia Web 2.0.”
Para muitos dos novos empreendedores, a Web 2.0 tem o “doce aroma dos lucros”, mas para muitos outros, esse espaço ainda é uma grande e arriscada incógnita. Um dos fundadores da web – Tim Berners-Lee acaba de conceder uma entrevista em um podcast para a IBM, onde se posiciona como “não muito fã do termo”. De fato, Sir Tim, como é conhecido popularmente nos círculos mais internos da criação da web, discute nessa entrevista as suas grandes dúvidas de que a Web 2.0 possa representar um campo de oportunidades muito mais vasto que a web tradicional.
Quando perguntado se “era justo afirmar que a diferença entre as 2 versões da Web é que enquanto a Web 1.0 conecta computadores, a Web 2.0 conecta pessoas e comunidades”, Berners-Lee respondeu que não totalmente, pois a Web 1.0 já conectava pessoas e já criava um espaço eminentemente interativo. Segundo ele, a Web 2.0 é um novo jargão que na verdade muitos nem sabem o que significa. Se a Web 2.0 é um conjunto de Blogs e Wikis que conectam pessoas a pessoas, para Sir Tim, isso é o que a web já deveria ser desde o seu princípio. Para ele, a Web 2.0 deverá se diferenciar por um conjunto mais avançado de padrões e protocolos criados e explorados por pessoas trabalhando na Web 1.0.
Sir Tim é um grande especialista em “blogs”e “wikis” e só tem boas palavras a dizer sobre técnicas como AJAX, mas Sir Tim, acusa o termo Web 2.0 de não apresentar um significado coerente. Uma rápida olhada em uma lista de sites auto-intitulados Web 2.0 é suficiente para ilustrar a confusão da qual ele está falando. De acordo com sua linha de pensamento, em que sentido todos esses web sites fazem alguma coisa qualitativamente diferente do que já foi feito antes? Em que sentido esses web sites fazem alguma coisa significativamente semelhante para serem agrupados sob uma nova ordem que irá apontar para uma revolução real no uso e na disseminação da web?
Mesmo aventureiros capitalistas da época da bolha reconhecem que o maior problema hoje com a Web 2.0 é o excesso de excitação em torno do tema e a falta de definições reais sobre um novo espaço de negócio e geração de conhecimento e riqueza na web. Mas talvez a maior desconfiança do fenômeno da Web 2.0 é que até agora ela tem falhado sistematicamente na criação de novos produtos realmente importantes. O mega-investidor Josh Kopelman argumenta que muitas “Internet Start-ups” estão focando em um segmento pequeno e indefinido do mercado mas que, definitivamente, os chamados “Net-entrepreneurs” ou Net-empreendedores tem uma boa visão para desenvolver sistemas e serviços de apelo de massa.
Ainda de acordo com Josh Kopelman, o problema é que muitas dessas Start-ups tentam ser Web 2.0 de uma forma em que a comunidade de investidores não acredita. Para Josh, até que essa postura geral mude, e até que a Web 2.0 ganhe coerência em seus conceitos e se diferenciem de fato da Web 1.0, as empresas da Web 2.0 poderiam nos fazer um grande favor resfriando a excitação e o barulho das novidades e promessas de negócio, até que eles possam realmente se posicionar no radar dos analistas com algo concreto que as represente como um novo segmento com características e definições bem objetivas e uma visão de negócio clara e realista. A questão real não é se um site é Web 2.0 ou não, ou se é “mais ou menos 2.0” como alguns já colocam, mas se estamos criando um espaço mais real com uma oferta de valor bem definida e relativamente fácil de ser entendida pelo mercado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário