sábado, 28 de fevereiro de 2009

As Palavras

As palavras estavam na minha mente, saltando querendo sair pela boca, mas como sempre prudente, eu só as deixei sair pelo papel. Correram pela folha branca, como que brincando, como que querendo preencher todo o espaço, brincando sentimentalmente com quem ainda iria percorre-las.

Mas qual o sentido? As vezes sensuais, amorosas, sentimentais, saudosas. Outras vezes épicas, clamorosas, enigmáticas, intuitivas. Outras ainda exprimem a indignação, a cólera, a incansável contestação doas formas, das pessoas, das instituições.

Hoje porém elas resolveram apenas falar sobre si mesmas, sobre o prazer que sentem em incitar e mexer com as pessoas que as percorrem.

As palavras são sábias, por isso brincam como crianças, nos usam como instrumentos para exprimir e comunicar emoções e sensações. Elas tem vida própria e nos governam ao sabor de sua dança.

Para alguns, elas faltam, para outras, elas sobram em significados e novas gênesis. Para uns elas são defeituosas, para outros são virtuosas, mas são sempre as mesmas palavras.

As vezes coléricas, nos fazem esparramá-las de forma indignada. Outras vezes nos fazem sussurrá-las baixinho, sôfregas, exprimindo desejo, amor, saudade.

Muitas vezes brincam com a gente, nos pregam peças, e nos levam a sonhar sonhos de todos e do mundo.

Inovar para que? Vale a pena?

Caros amigos,

Será que estamos prontos para quebrar as amarras da nossa rotina e encarar de frente e com uma nova visão os desafios de fazer coisas novas ou as mesmas coisas de maneira realmente diferente? Porque devemos nos preocupar com isso? Não é mais cômodo continuar na rotina, sem riscos? Quais os custos pessoais e profissionais envolvidos?

Inovação não é apenas mais uma nova onda na qual empresas e organizações "marketeiras" se apoiam para sustentar imagem de mercado, mesmo que de maneira vazia, como tem ocorrido na história recente, seja no mercado, seja nas organizações em geral e até nos governos...

Existem exemplos que no mínimo deveriam nos incomodar e fazer pensar, em várias direções e em várias instâncias, do pessoal ao profissional e organizacional.

O que podemos aprender com esses e tantos outros exemplos, para nossas vidas e para a nossa atuação diária frente aos nossos desafios profissionais? Será que temos que esperar a empresa inovar? O mercado inovar? O marido ou a esposa inovar? O amigo inovar? O filho inovar? Será que inovar significa não esperar nada? Fazer antes? Ou fazer junto com outros que se lançam cada vez mais nessa mesma direção?

Quem já teve a oportunidade de pesar na balança os riscos de fazer algo novo X os riscos de não se fazer nada deve ter tido uma surpresa muito agradável na grande maioria dos casos. Os riscos da inovação valem a pena ...

Vejam alguns exemplos do mercado:

"Em 1994, a Nokia entrou em um projeto de inovação. Seu negócio principal naquela época era a borracha (pneus, botas de borracha, etc.). Esse projeto capacitou a Nokia para criar um crescimento explosivo em um novo mercado por meio da "humanização da tecnologia" (algo inovador para a indústria de telecomunicações) e produziu alguns dos resultados mais espetaculares na história da indústria.

Uma empresa de borracha (que antes foi de papel) foi capaz de se tornar líder, ultrapassando todos os concorrentes tradicionais e obtendo 1/3 de market share (o segundo colocado tinha somente 1/10 de participação no mercado). Por causa dessa dinâmica de inovação, a Nokia, uma empresa madura com $ 5 bilhões/ano de receita no início do projeto se tornou um companhia de $ 25 bilhões/ano 5 anos após o projeto (hoje possui em torno de $ 50 bilhões/ano).

Em 1999, outro líder da indústria decidiu realizar uma dramática mudança estratégica para garantir o seu futuro com inovação. A Whirlpool, líder mundial em produtos da linha branca, decidiu implementar um projeto global para criar uma companhia com ampla competência em inovação. O projeto consistiu em desenvolver um processo sistemático para que a Whirlpool tivesse um processo interno contínuo para desenvolver novos insights e perspectivas, criar e testá novas opções.

Uma equipe de 25 pessoas das mais diversas áreas da Whirlpool América Latina (antiga Multibrás, com as marcas Brastemp e Cônsul) foi reunida para iniciar o projeto. Elas foram treinadas com as ferramentas, técnicas e tecnologias da inovação do modelo de negócios. À medida que eles iam aplicando essas metodologias, os resultados foram aparecendo.Em um período de 5 anos, a Whirlpool dobrou seu valor de mercado e criou um fluxo de novos projetos com receitas de $ 3 bilhões/ano (pelas estimativas deles). Três cases sobre o projeto (HBS 9-705-463-A / B / C) foram escritos e são utilizados como materiais didáticos na Harvard Business School; e hoje a Whirlpool está entre as 100 mais inovadoras empresas classificadas pela Business Week Magazine (a revista de negócios com maior circulação no mundo)."

Acho que no mínimo uma reflexão sobre nossa postura frente à necessidade de inovar e principalmente frente ao movimento consciente e estruturado de encarar e viver esses momentos de inovação se faz necessária.

No universo, só temos 2 alternativas, ou estamos nos movendo à frente, ou estamos nos movendo para traz... Pelas leis da física, não existe ausência de movimento e nem ausência de energia, mas existe sim a inércia do nosso movimento.

Quem pensa que está parado se escondendo sob a cômoda rotina diária, tentando se auto preservar, na verdade está se movendo para traz inercialmente, tem que impelir um enorme esforço para frear o retrocesso e iniciar um movimento à diante. Quem já se move à frente, já está inercialmente refletindo sobre como fazer o novo, como fazer de forma diferente, essa inércia é produtiva e não é apenas mais uma onda de mercado.

Os exemplos comprovam que vale a pena.

Bom dia! Pense! Seja Feliz!

Inovação

Inovação não é apenas mais uma nova onda na qual empresas, governos e organizações se apoiam para sustentar sua imagem de mercado. Existem exemplos que no mínimo incomodam, instigam e fazem pensar.

Mas será que temos que esperar a empresa inovar? O mercado inovar? O marido ou a esposa inovar? O amigo inovar? O filho inovar? Ou será que inovar significa não esperar nada? Fazer antes? Ou fazer junto com aqueles que se lançam cada vez mais nessa mesma direção?

Quem já teve a oportunidade de pesar na balança os riscos de fazer algo novo X os riscos de não se fazer nada deve ter tido uma surpresa muito agradável na grande maioria dos casos. Os riscos da inovação valem a pena...

Acho que no mínimo uma reflexão sobre nossa postura frente à necessidade de inovar e principalmente frente ao movimento consciente e estruturado de encarar e viver esses momentos de inovação se faz necessária.

Quem pensa que está parado se escondendo sob a cômoda rotina diária, tentando se autopreservar, na verdade está se movendo para traz inercialmente, tem que impelir um enorme esforço para frear o retrocesso e iniciar um movimento à diante. Quem já se move à frente, já está inercialmente refletindo sobre como fazer o novo, como fazer de forma diferente, essa inércia é produtiva e não é apenas mais uma onda de mercado. Os exemplos comprovam que vale a pena.

Tarde de confusão

Naquela tarde havia confusão... nada exagerado, ou que valesse a pena discutir ou esbravejar, apenas uma ligeira confusão. Mas tudo se passava na minha cabeça.

A sensação física do peso dela sobre meu pescoço e o peso do sono sobre as minha pálpebras, me impediam até mesmo de sonhar com o prêmio “solo” na Megasena... ah, e quem se importa?

Provavelmente esse negócio de viver acumulando e depois sair sempre para um desconhecido, em um lugar qualquer mais desconhecido ainda... alguém no governo está pondo esse dinheiro no bolso, ou na cueca, ou na mala...

Aquela situação era deplorável, eu chegava a conclusão de que mesmo tendo nascido para ser plenamente feliz, quando era feliz profissionalmente, minha vida pessoal era um bagaço mastigado e atirado pela janela. Quando tudo na minha vida pessoal não poderia melhorar mais, minha vida profissional era um frangalho só. Triste a minha sina...

Mas aproveitei o tempo para por em ordem algumas idéias. As experiências dos últimos meses não haviam sido nem um pouco promissoras, e ainda assim, eu insistia comigo mesmo nessa linha de trabalho.

Por tudo o que havia pesquisado e por todas as informações e fatos que havia reunido, uma conclusão inicial era certa. Estávamos em perigo, todos nós, toda a raça humana como a conhecemos.....

Guima
Bom dia! Seja Feliz!
Maio de 2006.

A Procura

Seu cabelos nas minhas mãos
Seus cílios piscando em meus lábios
Enquanto beijo suavemente os teus olhos

Queria a paz do teu carinho, o suor de tuas mãos
A maciez e o calor da tua pele
O arrepio delicado que sentes quando te beijo o pescoço,

Devagar...

O teu beijo é um universo
De estrelas, nebulosas, galáxias, buracos negros
Que passeiam e desfilam entre teus sorrisos

Na busca da minha boca pela tua
Nos teus lábios molhados
trêmulos
arfantes
Corpos celestes brincam no entrelaçar de nossas línguas

Sinto tua respiração apertada no meu abraço
Sinto todo o calor do metabolismo acelerado de cada célula sua
Acelerando junto, em uníssono com o meu próprio ritmo

São breves momentos que inspiram uma saudade infinita
Que se pregam e se marcam na minha memória
Como um ferro em brasa, que me torra carne e me garante lembrar você para a Eternidade

Por você

Feliz, Feliz, Feliz, Feliz
Estou Feliz, Feliz, Feliz,
Por você
Por mim
Por nós
Pela suas costas
Pelas palmas das minhas mãos
Pela tua risada
Pela minha saudade
Pela falta sua
Pela falta minha
Pela falta nossa
Por matar a saudade, e ...
Por cultivá-la denovo
Por me perder no teu sorriso,
Na tua boca, no teu beijo
Partilhar a saliva, o suor, os suspiros
Por me perder em você,
Por não querer me achar mais
Por viver dentro de você
Por querer te proteger, te abraçar
Por te amar, te amar, te amar
Por ser correspondido
Por ser acompanhado
Por habitar seus sonhos
Por te beijar nos seus sonhos
Por me lembrar dos Seus sonhos
Por almejar que sonhes ainda mais
Por ficar de vigília ao teu lado
A noite toda
E abusar do creme nas suas costas
Nas palmas das minhas mãos
Por meus dentes,
Pela batata da sua perna
Por ouvir sua fita K7 antes de dormir
Por acordar com você no meio da noite
Perceber que acordas e me procuras
Me encontras e voltas a aconchegar-se
Por ouvir tua respiração, e decorá-la
Por me alinhar ao teu ritmo
Por te fazer carinho
Com carinho
Com intensidade
Por te abraçar e querer segurar o tempo no meu abraço
Para que ele fique parado, aprisionado
Por beijar sua nuca
Por fazer planos
Por falar dos filhos... nossos...
Por sonhar, sonhar, sonhar
Por realizar.
Por você!
Sim,
Claro,
Por Você
Por amar Você
Só Você
Você
E Eu!

Do que eu gosto

Gosto de saber que faço bem
Gosto de saber que te quero bem
Gosto de saber que me queres bem

Gosto de te querer, de te provocar
Gosto de te observar
Te estudar, te aprender, te decorar

Sentir tua presença, tua mão, teu corpo
Mesmo à distância
Conhecer seu toque, seu calor, seu jogo

Sua intenção sempre me chega antes da tua ação
Por isso sei de você, te conheço, te aprendo, te entendo
Por isso gosto de saber que faço bem

A Batalha

O frio batia ao pano da minha tenda
A mão implacável e enluvada insistia na carícia gelada
Os seus cristais entrando cada vez mais na carne
E o gosto salgado na boca amargava a paisagem pela abertura da tenda

Mais tarde, o caminho envolto em brumas, e gemidos, e lamentos
Marcava sob as patas dos cavalos e as rodas de carruagens
O peso das armaduras, umbrais, e ginetes em riste

Enquanto a névoa se dissipava, o campo aberto à frente se mostrava
E as legiões assustadas, famintas e cansadas da noite fira
Se espremiam entre as lanças dos seus próprios tenentes
E o vapor quente e ofegante dos nossos cavalos

Em instantes foi como se o céu se abrisse
O chão tremesse
E a terra lamentasse

A mão dura e áspera do frio deu lugar à uma onda de calor sem sentido
Do ódio misturado à coragem
Do medo, incerteza, ilusão
Da dúvida...

O que os impele ao balido metálico das espadas nos ossos?
As poças de água do orvalho se tornando vermelhas, mornas,
O som mistura a alvorada com o crepúsculo
E o ar se enche do cheiro da morte

De repente o meu peito arde e as costas em brasa me tiram as forças
Meu Deus
De onde vem esta chama metálica que me arrebata?
O ruído ensurdecedor parece se desvanecer no ar
E a batalha fica suspensa, inanimada
Flutuo no ar e vejo abaixo meu próprio semblante
Sem vida, sem dor, sem ruído

Me sinto leve, meus atos se discurtinam à minha frente,
O medo do nascimento, O seio da mãe, A voz grave do pai
A dor de crescer, agora tão rápido
O prazer que conheci furtivamente com as vassalas nos campos de feno
A primeira briga, e o nariz quebrado
Meu casamento, meus filhos, meu reino

Sim meu Reino, fui Rei, fui Rei
As batalhas vitoriosas, meus atos e minhas ordens implacáveis,
O perdão e a misericórdia tantas vezes negados

Agora sei o que me espera
Por meus atos serei julgado,
Não pelos atos de minha mão ou de minha pena,
Mas pelos atos do meu coração.
Amei e pequei, e agora os dois serão pesados diante de mim.
Já ouço de um lado o clamor das ninfas e suas harpas
E de outro os gemidos eternos do Hades

Apocalipse

Assim escreveu o mestre, antes dos séculos por nós contados
Desde o tempo antes dos tempos, segredos tão bem guardados
Não por não merecermos mas por não poder alcança-los
Mas na medida do novo intelecto, testemunharemos os velhos relatos

3 vezes a Babel será erguida, e 3 vezes será destruída
3 vezes o verbo assumirá a vida, mas só 2 vezes será sacrificado
A cada migração, uma evolução se seguirá
E a cada evolução, ele ao final espiará

As orbes migradas e evoluídas, herdarão por direito a nova vida
Mas os anjos caídos, só pelo verbo serão redimidos
E o verbo por 2 vezes se sacrificará

Por 2 vezes o verbo virá, primeiro em seu princípio feminino
E dele próprio será ungido, seu complementar masculino,
Mas na terceira vez vira hermafrodito e por seus mestres será separado
Aguardará no Roncador bem guardado e no Tibet será preparado

Então com 18 anos terrenos, o casal de gêmeos será libertado
Coincidindo com o final dos 42 meses de reinado
Do filhote terreno da besta no mar profundo encerrado
Seus exércitos serão dirigidos por 4 cavaleiros bem armados

A segunda migração se inicia antes
E os novos espíritos ungidos de intelecto
Lançarão a nova revolução,
Preparando o mundo para o pós Armagedon

Ao cair a Babel pela terceira vez, se iniciará o nefasto reinado
Que em mil dias assolará o mundo, no embate em território sagrado
E ao final dos mil dias surgirá o pretendente à imperador do mundo unificado
Falso Messias ainda mais adorado

Em seu mundo haverão quatro espectros
O flagelo da guerra, da fome, da peste ...........................
Sua marca estampada em silício, sob a pele dos homens encerrada
Quem não for por ele marcado, não poderá comprar ou vender
E de todo o mundo ficará isolado

Mas o falso imperador levará seus cavaleiros aos 4 cantos do mundo,
E espelhará seu flagelo a todos os povos
E conclamará seu inimigo à batalha na planície sagrada que divide o mundo ao meio
E que leva o nome do fim dos tempos

Estai atento aos sinais, pois este segredo não tem apontamento definitivo
Mas ocorrerá quando o nefasto poder iludir os homens
E quando o poder sobre o mundo se opuser entre 2 coroas
Próximo ao início da era de peixes

No Armagedon será encerrado o terceiro ciclo
Sob o selo do casal de gêmeos evoluídos
E o intelecto da nova migração será o exército
Que o falso Messias irá confrontar

O apogeu e a vitória do espírito está escrita,
Mas o que vem depois dela não nos foi revelado
Assim escreveu o mestre, antes dos séculos por nós contados
Desde o tempo antes dos tempos, segredos tão bem guardados

Voo Noturno

Abri os olhos
Olhei a cabine em torno e não te vi
Muitos dormiam, crianças chorando bem longe
Um filme na tela grande, ninguém assistindo
Uma turbulência aqui e ali
Eu perdido no meu mundo
Correndo o dedo adiantando as músicas no meu MP3p
Perdido em sensações musicais
Aí eu te encontrei
Guitar Man do Breathe
Concerto p/ cello de Yo Yo Ma
Primavera de Vivalde
Mesum Dorma de Puccini
Sonhei que te levava para assistir uma grande filarmônica
Te explicava tudo, e teus olhos brilhavam
Cada instrumento, a sua posição na orquestra
A hierarquia das cordas, dos metais, dos baixos harmônicos, percursionistas
Cada som podia ser escutado e entendido no contexto da Música
Os gestos do maestro, a resposta dos instrumentos
A leve porém determinada arrogância do solista
A frieza da tinta impressa no papel, ganhando vida nos metais, nas madeiras e cordas
O som enchendo o espaço ampliando os sentidos do nosso estado de vigília
E abrindo as portas da percepção

Aquilo tudo era você
Cada parte sua é como um conjunto de instrumentos
Com seus tons e timbres particulares
Hora conduzindo, hora solando, hora fazendo harmonia ou acompanhamento

Abri os olhos novamente
Olhei a cabine em torno, não te vi, mas agora estavas lá ao meu lado.

União

Entrei.
Atrás de mim o vento doce se esgueirou pela porta
E tomou conta do espaço

Lá dentro, eu me vi suspenso no ar
Eu te vi do avesso, seu Eu, sua alma
Pairavam no espaço e preenchiam todo o ambiente
Sem se importar comigo ou com o vento

Totalmente envolto na calma e no calor da sua presença
Voltei no tempo
Toda a minha vida em um flash atemporal
Minha história desta vida e de tantas outras vividas
Tudo se tornou consciência

Em meio a cena aberta a minha frente
Vi teu corpo atual, e atrás dele vi outros corpos, de tuas outras vidas
Vi homens, mulheres, crianças, velhos
Vi o caminho da tua evolução
Vi a forma que assumistes em outros planetas e galáxias

Te vi em forma pura, cintilante
Recordei nossos dias em Capela, antes do exílio
Te vi desabrochar enquanto evoluías
Enquanto passavas de um casco ao outro,
De um invólucro ao outro.

Te via cada vês mais leve, mais etérea
Mais iluminada
Aprendi com você naquela fração de segundo
Recordei com você
Sofri e me emocionei com você
Nasci várias vezes e várias vezes ascendi da matéria temporal

Percebi no instante seguinte a tua grandeza a tua bondade e sabedoria
E ao final daquele instante breve e infinito
Retornei ao peso da nossa existência
E novamente eu te vi, deitada na cama,
Semi coberta,
Semi adormecida
Me olhando por sob as pálpebras, entre as imagens dos seus sonhos

Me aproximei e te acariciei os cabelos
Beijei tuas costas, preguiçosamente semi exposta entre as dobras do lençol
Te vi e te senti de múltiplas formas, em múltiplos planos de existência e consciência
E me vi teu aprendiz, teu servo, teu mestre e teu amante
Me vi apaixonado por todas as formas passadas, presentes e futuras da tua existência.
Me vi como o teu guia, que cegamente te seguia pelo caminho, para muito além das montanhas
Do deserto, do mar, do firmamento, das estrelas, do limite do universo.

Mergulhei suavemente em você, me misturei ao seu corpo e à sua alma,
Nos tornamos um só
O Hermafrodito Hermético
Ser completo, onde os 2 princípios da criação se equilibram, se completam se originam e se encerram
Nos tornamos a salamandra alquímica que engole a própria cauda
A Fênix do grau Maçônico, do eterno retorno, da eterna morte e renascimento

Nos tornamos as proporções ideais da matemática divina,
Algoritmo limite, em base natural, que descreve a elipse perfeita
A forma primordial do universo, da divindade que tem o poder de se recriar
Que encerra em si mesma o bem e o mal
O masculino e o feminino
A luz e as trevas
Os quarks e os fótons de ante-matéria.

Ali, naquele instante de consciência, nossa união se tornou completa
Um orgasmo sideral, cósmico, espiritual
Da nossa união nasceu um novo universo, que se nutriu de nós mesmos
E carregou nossa herança para para o futuro, para as novas gerações
Que hão de nos originar, nos criar um dia, no longínquo futuro passado
No ápice da curva do tempo.

Ali mais uma vês nosso amor se consumou e nos levou mais próximo do nosso princípio divino.

Seja Feliz.

Comunhão do Desejo

Teu desejo é quente, húmido, macio
Teu desejo sabe bem o que desejas
Como deseja e quando deseja

Queria que me desejasses
Queria despejar em ti meus beijos, pequenos sopros
Carícias suaves, sôfregas pela briga entre o controle e meu próprio desejo

Meu desejo que é submisso ao seu
Que só me permite sonhar
Sonhar que o teu desejo me deseja

Sonhar que passeio meus dedos por todo o teu corpo
Entro em seus cabelos, desço pelo seu pescoço
Aí, nesse ponto, furtivamente eu alojo um beijo

Mergulho no vale das suas costas, estudando cada vértebra
Escorrego pela sua cintura, te faço cócegas
Vou andando devagar, até seu umbigo

Te beijo o ventre, delicadamente, como uma pétala
Meço a altura de seus quadris, como se fosse te escalar
Passeio entre as rodilhas de teus joelhos

Acaricio teu tornozelo
Beijo cada um dos seus dedos
E me escondo de volta na palma da tua mão.

Entro nos poros da tua pele e te hidrato, te refresco
Daí atravesso seu corpo, sinto a pele, os músculos, o sangue
Toco seus ossos e sigo para sair do outro lado, na mais íntima comunhão.

Composição Vazia

O vazio contrapõe em composição com o cheio
As forçar e tensões se completam e se equilibram
A massa, o peso, a projeção no espaço

O vazio preenche e da forma ao espaço tanto quanto a massa
Tem sua força e sua presença bem marcadas na composição
O vazio é ausência? Se é ausência como preenche tanto o espaço?

A ausência é côncava
A presença é convexa
Mas não no espelho

O volume, o perímetro, o raio, ...
Medem o espaço de dentro e o de fora
O espaço da presença e da ausência

Sinto a tua falta, sinto um vazio
Esta sensação me preenche e me completa
E como se a tua ausência me fosse tão cara quanto a tua presença

Quando você surgiu

Você surgiu a apenas alguns dias, ainda te conheço pouco, mas já temos longas conversas. Já temos uma vida inteira de sonhos para você viver, já imaginamos você de várias formas, bebê, criança, adolescente, adulto. Já pensamos em inúmeras coisas que vamos fazer com você, 1.000 lugares aonde vamos te levar.

Sem aviso nossa vida mudou para sempre, basta a ideia da sua existência e um par de reagentes químicos mostrando apenas a sua evidência, para nos fazer passar por um turbilhão de emoções. No último sábado não sabíamos o que fazer, perdemos compromissos, ficamos sonhando e imaginando nossa nova vida já havia mudado, ali de sopetão, bem na nossa frente, como um carro já em alta velocidade, com a porta aberta nos chamando para entrar logo...

Aos poucos você vai se materializando em nossa mente e em nosso coração. Já dormimos abraçado com a sua primeira roupinha, como se você estivesse lá, junto com a gente, no calor do nosso cobertor, do nosso abraço, do nosso amor.

Você nem chegou ainda e já me apresentou uma nova mulher. A sua mãe está em plena mudança, física, emocional, espiritual. A sua mãe é uma mulher linda, forte, feliz. Trouxe a alegria para a minha vida por diversas vezes. Na última sexta feira, quando fizemos o primeiro exame e soubemos de você, ela me trouxe mais uma alegria, talvez a mais profunda até agora, que muda novamente a minha vida. E pela segunda vez, ela me faz ver como a vida é maravilhosamente mutável. Que a mudança é a única constante da qual podemos ter certeza, e que o amor sincero, profundo, que sentimos um pelo outro, é o motor mais importante para nos mover por entre essas mudanças.

Não vejo a hora de você nascer para conhecê-la. Não vejo a hora de você crescer para entender o quanto ela é admirável, forte, linda. O quanto ela pode nos surpreender dia a dia, com sorrisos, ideias, poses, perfumes. Já posso imaginar eu e você, sentados no tapete da sala, brincando ou vendo televisão distraídos, ao sermos surpreendidos por ela passando entre a gente, deixando o rastro da sua presença maravilhosa... paramos tudo, olhamos os dois apaixonadamente para ela, depois suspiramos e olhamos um para o outro e nos sentimos as duas pessoas mais felizes e mais amadas do universo.

Você é o nosso amor que se materializa. Todos os dias fico imaginando as mudanças pelas quais você está passando nesse exato momento, no ventre aconchegante da sua mãe. Observo a sua mãe, e tento ver como ela reage a tudo e a todos, minuto a minuto. Procuro ver as mudanças que você provoca nela, e em nós. Estou aprendendo como nunca aprendi antes, sobre mim, sobre o mundo real, sobre a pessoa que eu mais amo, e que agora parece se repartir em duas, as duas que eu mais amo.

Quero te deixar a melhor herança que um homem pode preparar para seu filho. Estou indeciso, ansioso. Que coleção de emoções, ensinamentos, sentimentos, valores eu devo acrescentar na sua herança? Como podemos eu e a sua mãe lhe transmitir tudo isso nas próximas semanas, meses, anos. Queremos ver a nos mesmos em você, queremos ver os reflexos do que acreditamos ser o melhor para te formar, te preparar. Mas ao mesmo tempo, queremos ver você pleno, altivo, com suas próprias ideias, valores e crenças. Na verdade não sabemos quase nada ainda, vamos aprendendo muito com o próprio caminho. Você vai nos levando pela mão... Eu te amo meu filho.

eMail do Pedro

Meu filhinho querido!

Eu também estou muito feliz porque você é parecido comigo, mas principalmente porque você também é muito parecido com a sua mãe. Quando você crescer um pouquinho mais, você vai perceber o quão importante é ter o coração bom, puro e forte como o que você herdou da sua mãe querida.

Você vai ver como você será virtuoso e sábio como ela é! A força que você leva do papai, vai te ajudar a ser uma pessoa grande e forte, mas o que a sua mãe plantou no seu coração vai fazer com que você seja bom, amável, justo e muito querido!

Eu também estou com muitas saudades do seu pezinho empurrando a barriguinha da mamãe para tocar a nossa mão que te espera aqui fora. Das suas mexidinhas leves e das fortes também. De quando estou dormindo e sinto você nas minhas costas, me chamando para brincar enquanto a sua mãe dorme como um anjo. Quando cantamos as suas musiquinhas favoritas e mudamos as letras só para que tudo ao seu redor seja lindo e doce.

Será que você vai lembrar um dia que sempre que você se mexe perto do papai eu digo bem alto - UPAAAAA!!!!! E eu tenho muita saudade de ver você quando olho dentro dos olhos lindos da sua mãe. Você está sempre lá! Lindo e protegido...

A sua mãe era a jovem mulher mais linda que o seu papai já havia visto em toda a sua vida, mas depois que você chegou, uma transformação maravilhosa esta operando nela. Ela está se tornando a mulher mais linda de toda a "Paris" mas ao mesmo tempo fica cada vez mais jovem. É um lindo paradoxo que só pode ser entendido, mas nunca explicado.

Estou ansioso para você sair logo, para nós dois nos sentarmos na sala para brincar, e sem que ela perceba, ficarmos admirados, observando apaixonados quando ela passa de um quarto para o outro, cantarolando e fazendo suas mágicas de vida que enchem a casa de "patchapatchas".....

Meu querido filho, sua mãe é tão forte que vai nos carregar juntos pela vida, e à nos, resta seguir o exemplo dela, e ser forte como o papai, só para fingir que somos nós que a protegemos, mas só nos dois sabemos que é ela quem protege protege protege, alegra, ensina e nos faz viver...

Não conte isso para ela ok? Fica como um segredinho só nosso.....

Eu te amo muito meu filho lindo!

Ps.: aproveita bem o picolé de limão e dá um beijão na mamãe por mim ta bem?

Papai Gui.
Carlos Guimarães


Marcella Gadbem wrote:

Papai,

Eu estou super feliz porque a mamãe falou que eu sou muito parecido com você! Quando eu crescer eu vou ser forte e lindo como o meu papai!! Que bom!!!
Papaiê, será que ainda vai demorar muito para você chegar? Eu já estou com saudade da sua voz e da sua mão, papaiê. Mas a mamãe falou que não tem jeito, que eu vou ter que ficar aqui com ela até não me lembro que horas...Mas eu vou te esperar bem bonzinho, viu?! Acho até que vou ganhar um picolé de limão antes de vc chegar!
Eu te amo papai!

Pedro

Teus Mistérios

Teus Mistérios

Éres um mistério, uma deliciosa icógnita
Quando me olhas, não me permites te interpretar
Te vejo ansiosa, compenetrada, aflita, contente, auto-controlada
Me enganas e me instigas, depois me olhas furtivamente

Teu corpo se move suave, contradizendo teu semblante,
Teus cabelos te denunciam e a tua pele te trai às vezes,
Quando queres me provocar,
Ficas rubra, levemente

Imagino a seda de suas faces, quase sinto tocá-las
Como maçãs vermelhas, carnudas, maduras,
Quentes do sol do outono, e eu não vejo a hora

Sinto graça em suas mãos, pequenas, fortes, decididas
Gosto quando acariciam as minhas
Te vejo em Yeronimus Bosch, em seu Jardim da Delícias
Ali te vejo em várias formas, tua centelha refletida

Quando te moves, teu corpo te denuncia
Durante o dia te escondes, emoções camufladas
Mas te pego em flagrante, se movendo,
suas emoções, medos, desejos tudo fica aparente

As chaves dos teus mistérios são muitas,
Segredos e combinações sempre trocados
Imagino o turbilhão de emoções, desejos, anseios
Que se escondem em teus mistérios

Agraciado o que puder abri-los, terei eu um dia essa sorte?
Mesmo que sempre guardes alguns mais profundos para ti mesma
A sorte de quem puder te beber, sorver teus mistérios por todos os sentidos
Tua silhueta te trai, te denuncia, te apresenta sensual, desejosa, mas refratária

Éres um mistério, quero te decifrar todos os dias.

Web 2.0

A Resposta clássica (muito clássica para algo tão inovador...) é: É um espaço paralelo na Web, usado por nós – pessoas normais – para expressar o que pensamos, sentimos, conhecemos, nossa visão sobre qualquer assunto, arte, pontos de vista e qualquer outra manifestação, de forma quase anárquica, mas organizada e responsável.

Hoje podemos dividir esse espaço praticamente em duas categorias de expressão:

1. Conteúdo gerado por usuários ou “Wikis”:
http://www.youtube.com/
http://www.digg.com/
http://www.myspace.com/
http://www.wikipedia.org/
http://www.answers.com/

2. Programas gerados por usuários ou "mashups":
http://www.chicagocrime.org/
http://www.programmableweb.com/
http://www.netvibes.com/
http://www.geoblogger.com/

Ou seja, a internet está deixando de ser uma simples conexão passiva de pessoas ou organizações, onde podemos nos comunicar trocando informações on-line / real-time ou disponibilizando grandes porções de conteúdo e mídia, para um espaço onde a colaboração chega ao nível da criação conjunta de conteúdo, dados e serviços web, on-line / real-time. A grande revolução vem da conjunção de dois outros fenômenos presentes hoje: o da criação de comunidades alinhadas em torno de temas específicos mas com fronteiras espalhadas globalmente e o do livre acesso a novas tecnologias através dos conceitos de free-software e open-source (veja http://www.opensource.org/).

Chicagocrime.org é um site que reúne estatísticas sobre o crime em Chicago, e dispõe as informações geograficamente usando mapas da cidade disponíveis no Googlemaps.Com. Com isso, qualquer um pode verificar as taxas de crimes em sua vizinhança e perguntar ao site qual caminho entre sua casa e seu trabalho apresenta a menor taxa de ocorrência de crimes.
O site foi criado por um jornalista e está disponível para todos. O mais incrível é que ele simplesmente aproveitou programas, códigos e conteúdos públicos já disponíveis na web para criar um novo serviço acessível a toda a comunidade interessada. Esse é um perfeito exemplo de “mashup”, termo que designa a criação de novos programas e serviços web, aproveitando código e conteúdo disponíveis publicamente.

Mas afinal, o que é um "mashup"?

De acordo com a Wikipedia.Org “mashup é uma aplicação que combina conteúdo de mais de uma fonte em uma experiência integrada, ou seja, um serviço que adquire conteúdo e funcionalidades de múltiplas fontes mostrando tudo junto em um novo serviço”.

O termo vem da indústria fonográfica americana. Ainda de acordo com a Wikipedia.Org, mashup, ou bastard pop, ou bootleg, é um gênero musical que consiste em combinar digitalmente a melodia de uma música com a letra de outra, normalmente em estilos completamente diferentes. O objetivo de um mashup é criar uma música completamente nova, sem referências diretas das duas ou mais canções originais.

De acordo com a respeitada BusinessWeek, os mashups já são um fenômeno de massa que vão trazer importantes implicações a médio prazo - "O que eles estão realmente oferecendo, é o futuro da World Wide Web. Repentinamente, ondas de programadores voluntários estão se organizando eletronicamente para combinar e “remixar” dados e serviços da web não relacionados, eventualmente até concorrentes. O resultado são ofertas totalmente novas de serviços e programas chamados mashups, totalmente livres e acessíveis por qualquer usuário sem custo.”

De acordo com o Answers.Com, o termo mashup já é popular desde 2005, e já teve até concurso internacional, patrocinado por gigantes do setor de tecnologia da informação como Adobe, AOL, Sun Microsystems, Microsoft, Google e Yahoo!, entre outras, o qual foi organizado no Computer History Museum em Mountain View na California no ano passado (http://www.mashupcamp.com/). O vencedor do concurso foi o http://www.podbop.org/, que combina as funcionalidades de um mecanismo de busca de shows e concertos musicais com amostras de músicas dos artistas em formato MP3, dos sites das próprias bandas. O segundo lugar foi para o Chicagocrime.Org já mencionado. A próxima edição do concurso vai ocorrer agora entre 15 e 16 de Janeiro de 2007 em Boston, com patrocínio nada mais nada menos do que da austera MIT.

Os inúmeros sites de conteúdo pessoal são outro fenômeno a parte. Mesmo no Brasil, os jovens não se contentam mais em apenas encher as salas de chat dos provedores mais populares, ou em se organizar em comunidades com assuntos e opiniões específicas, como nas comunidades do http://www.orkut.com/. Suas conversas intermináveis sobre qualquer assunto ou sobre todos os assuntos, já são públicas e de livre acesso a qualquer pessoa através de inúmeros blogs, a diferença é que agora eles estão criando música, vídeo, animação e várias outras mídias eletrônicas combinadas em casa, na escola ou em grupos, e disponibilizando tudo para acesso livre na Web.

Esse movimento gera um enorme volume de acesso e de novos dados criados e armazenados na rede todos os dias, inflando a rede de maneira exponencial e exigindo investimentos na melhoria e no crescimento da infra-estrutura global da Web.

Até hoje, a informação e conseqüentemente a cultura e a opinião das pessoas, eram influenciadas a partir de quem costuma deter o poder político e econômico. Com o livre acesso a novas tecnologias e o agrupamento de poderosas ferramentas de comunicação nas mãos de comunidades livres que se reúnem e trocam informação globalmente a custos ínfimos, este movimento começa a se inverter. Pela primeira vez na história qualquer pessoa com acesso a Internet pode irradiar idéias e discutir conhecimento e opiniões, ampliando um novo fenômeno de “contra-cultura digital” que ainda será seriamente estudado como o grande fenômeno de comunicação e comportamento do século XXI.

O cinema e outras formas populares de entretenimento tradicional e “institucionalizadas” nunca tiveram tanta concorrência de outros canais cada vez mais democratizados, levando à criação de uma diversidade de tribos, comunidades e grupos de toda a sorte. Todo esse movimento tende a impulsionar as pessoas acima das organizações, das grandes companhias e dos governos, democratizando de fato a troca de experiências em escala nunca antes experimentada.
Esse é o principal foco estratégico de grandes empresas de tecnologia da informação, já tradicionais no mercado, como a IBM, a Microsoft e outras, em contraponto com empresas totalmente novas como a Google, cujo principal ativo é a penetração e a fidelidade cada vez maior de enormes massas de usuários da rede em escala mundial. É o que se chama de Era da Participação.

De qualquer forma, a infra-estrutura cresce de acordo com a demanda, e gera muito capital e muita riqueza, mas que, apesar de todo o movimento de democratização da criação e do acesso a conteúdo, ainda não se mostra de fato como uma opção econômica real para fortalecer a conhecida “terceira via” através da Web.

Voltando aos mashups, pergunte a 10 auto-proclamados desenvolvedores de mashup o que eles fazem e o que é um mashup e você pode terminar com 10 respostas diferentes.
Mashups são programas de computador caracterizados por seu desenho que aproveita funcionalidades e conteúdo de duas ou mais fontes diferentes na web (onde normalmente ao menos um deles não é de domínio do desenvolvedor) para produzir um novo e criativo serviço web. Por exemplo, um observador de pássaros “mashed-up” seu próprio banco de dados de pontos de observação de pássaros com um conjunto de coordenadas de GPS e os relaciona com os mapas disponíveis no Googlemaps.Com. O resultado é uma página web onde todos os pontos de observação do nosso aficionado, podem ser vistos de forma interativa sobre os mapas ou as imagens de satélite da Google, mesmo sem a participação ou a anuência do web site.
Mashups podem facilmente envolver a combinação de múltiplas fontes de programas e dados, dos quais o desenvolvedor não tem qualquer domínio, (está é a forma mais comum de mashup). Em muitos casos, um mashup dá aos seus visitantes, a oportunidade de acrescentar novos dados. Um exemplo desta estratégia pode ser um mashup onde usuários de telefones celulares podem plotar qualquer área de sombra ou sinal fraco de suas operadoras (not-spot). O resultado deste mashup depende exclusivamente da colaboração de muitos usuários que podem agregar informações diariamente sobre novos pontos de sombra no sinal de uma determinada operadora, bem como possíveis melhorias que podem vir a ocorrer quando uma operadora tem seus “not-spots” publicamente expostos dessa forma.

Para outros exemplos, vale a pena gastar um tempo visitando o índice criado por e mantido por John Musser no site http://www.programmableweb.com/. Aqui, o internauta pode encontrar uma grande matriz de funcionalidades e conteúdos interrelacionáveis, e uma grande relação de mashups prontos ou em desenvolvimento. Você pode até combinar seus conhecimentos e eventualmente programas ou conteúdos que você tem acesso, para colaborar com a criação ou ampliação de mashups por todo o mundo.

Para facilitar a re-utilização de seu conteúdo e de suas funcionalidades, muitos web sites disponibilizam APIs (interfaces de programação de aplicações) para fazer seu conteúdo ou funcionalidades mais acessíveis para desenvolvedores que usam JAVASCRIPT e técnicas conhecidas como AJAX na construção de seus mashups. No site de John Musser (http://www.programmableweb.com/) , é possível encontrar um índice com os APIs públicos mais populares, além de um ranque, baseado no número de mashups que usam cada uma das APIs mais difundidas.

De acordo com Grant Holland, o conceito de Web 2.0 começou e uma sessão de “brainstroming” em uma conferência entre O'Reilly Inc e o MediaLive International. Dale Dougherty, pioneiro da web, e Vice Presidente da O'Reilly Inc, percebeu que desde o princípio, a web sempre tem sido “mais importante do que nunca” trazendo novas aplicações e sites em uma verdadeira corrida que no início confundiu até os mais experimentados analistas de mercado. Mais ainda, as companhias que surgiram e sobreviveram ao grande colapso da Bolha das Ponto.Com deveriam ter algo especial em comum para ter sobrevivido e se consolidado como um negócio novo e viável. A partir deste ponto, o advento de novas tecnologias que elevam a capacidade de processar e produzir informações para dentro da Web, pode representar um novo turn-point na expansão e aplicação da web. Assim sendo um termo como Web 2.0 fez sentido na conclusão da discussão, e assim nascia o termo e a conferencia Web 2.0.”

Para muitos dos novos empreendedores, a Web 2.0 tem o “doce aroma dos lucros”, mas para muitos outros, esse espaço ainda é uma grande e arriscada incógnita. Um dos fundadores da web – Tim Berners-Lee acaba de conceder uma entrevista em um podcast para a IBM, onde se posiciona como “não muito fã do termo”. De fato, Sir Tim, como é conhecido popularmente nos círculos mais internos da criação da web, discute nessa entrevista as suas grandes dúvidas de que a Web 2.0 possa representar um campo de oportunidades muito mais vasto que a web tradicional.

Quando perguntado se “era justo afirmar que a diferença entre as 2 versões da Web é que enquanto a Web 1.0 conecta computadores, a Web 2.0 conecta pessoas e comunidades”, Berners-Lee respondeu que não totalmente, pois a Web 1.0 já conectava pessoas e já criava um espaço eminentemente interativo. Segundo ele, a Web 2.0 é um novo jargão que na verdade muitos nem sabem o que significa. Se a Web 2.0 é um conjunto de Blogs e Wikis que conectam pessoas a pessoas, para Sir Tim, isso é o que a web já deveria ser desde o seu princípio. Para ele, a Web 2.0 deverá se diferenciar por um conjunto mais avançado de padrões e protocolos criados e explorados por pessoas trabalhando na Web 1.0.

Sir Tim é um grande especialista em “blogs”e “wikis” e só tem boas palavras a dizer sobre técnicas como AJAX, mas Sir Tim, acusa o termo Web 2.0 de não apresentar um significado coerente. Uma rápida olhada em uma lista de sites auto-intitulados Web 2.0 é suficiente para ilustrar a confusão da qual ele está falando. De acordo com sua linha de pensamento, em que sentido todos esses web sites fazem alguma coisa qualitativamente diferente do que já foi feito antes? Em que sentido esses web sites fazem alguma coisa significativamente semelhante para serem agrupados sob uma nova ordem que irá apontar para uma revolução real no uso e na disseminação da web?

Mesmo aventureiros capitalistas da época da bolha reconhecem que o maior problema hoje com a Web 2.0 é o excesso de excitação em torno do tema e a falta de definições reais sobre um novo espaço de negócio e geração de conhecimento e riqueza na web. Mas talvez a maior desconfiança do fenômeno da Web 2.0 é que até agora ela tem falhado sistematicamente na criação de novos produtos realmente importantes. O mega-investidor Josh Kopelman argumenta que muitas “Internet Start-ups” estão focando em um segmento pequeno e indefinido do mercado mas que, definitivamente, os chamados “Net-entrepreneurs” ou Net-empreendedores tem uma boa visão para desenvolver sistemas e serviços de apelo de massa.

Ainda de acordo com Josh Kopelman, o problema é que muitas dessas Start-ups tentam ser Web 2.0 de uma forma em que a comunidade de investidores não acredita. Para Josh, até que essa postura geral mude, e até que a Web 2.0 ganhe coerência em seus conceitos e se diferenciem de fato da Web 1.0, as empresas da Web 2.0 poderiam nos fazer um grande favor resfriando a excitação e o barulho das novidades e promessas de negócio, até que eles possam realmente se posicionar no radar dos analistas com algo concreto que as represente como um novo segmento com características e definições bem objetivas e uma visão de negócio clara e realista. A questão real não é se um site é Web 2.0 ou não, ou se é “mais ou menos 2.0” como alguns já colocam, mas se estamos criando um espaço mais real com uma oferta de valor bem definida e relativamente fácil de ser entendida pelo mercado.

Reflexões sobre a Criatividade

Na minha visão, é muito claro e óbvio para todos que tem bom senso, que a criatividade e a inovação são fundamentais para o dia a dia cada vez mais competitivo de um mundo onde a diferenciação não existe mais “per si”, mas deve ser buscada, criada, forjada e até mesmo arrancada da miscigenação entre os contextos, as experiências e os sonhos de cada um de nós.
Também é óbvio que em nosso dia-a-dia, não nos preocupamos suficientemente com a formação de ambientes profissionais onde esses conceitos possam florescer, e mesmo quando o fazemos, ainda não temos os meios e os métodos para transformar a nossa realidade.

Mas a síntese que eu tiro de todas as reflexões é muito mais provocativa que conclusiva.
Como disse o Professor José Carlos Teixeira Moreira, a metáfora começou a se formar quando o Professor Rui Ohtake afirmou (muito modestamente) que era um criador, e que não tinha familiaridade ou conforto em empreender, e que para isso, precisava da associação de empresários e executivos.

Colocando-me na posição de criador (apesar de ter abandonado a produção de esculturas continuo criando novas formas em materiais e experimentações diferentes todos os dias em minha cabeça) percebo o seguinte:

No nosso contexto amplo (claramente representado no público do Fórum), podemos encontrar diversos personagens que tem navegado em torno do tema, mas 3 se destacam com clareza: O Criador, O Empreendedor e o Educador.

O Criador vive confortavelmente imerso no caos, buscando em sua aparente falta de estrutura e formalismo, todas as pontes e conexões que precisa para criar suas alegorias. O Criador experimenta livremente, desenvolvendo narrativas e conceitos que o levam ao momento máximo do processo, os "Insights" ou "Enlightments". Desse exercício surgem ideias e concepções que ainda não são Inovações, por carecerem muitas vezes das justificativas que deverão agregar a utilidade e a viabilidade das ideias e concepções para influenciar a vida das pessoas, criar novos influxos de sonhos e desejos, novas visões de prazer, onirismo e até mesmo de praticidade e melhoria da qualidade do viver no dia-a-dia das pessoas.

Mas a função do Criador é permanecer imerso no caos, realizando com grande esforço o enorme trabalho de construir pontes e conexões entre os elementos mais adversos, gerando novos Insights ou Enlightments, e assim sucessivamente, praticamente viciado no prazer propiciado por esses momentos mágicos de concatenação de ideias e intuição, e na materialização do novo.
Por outro lado, temos o Empreendedor, o empresário ou executivo, que aprendeu e foi treinado para viver em uma organização estruturada, armando-se todos os dias de esquemas, processos, controles, e meios de medir e avaliar o risco de ousar e se aventurar fora dos padrões, em busca da diferenciação e da inovação. Ele tem ainda, o pesado fardo da responsabilidade pela “justificativa”, e deve construi-la diariamente para si mesmo e para os outros, que o cobram dioturnamente o menor risco e o melhor resultado, previsível e em alguns casos extremos, até mesmo determinista.

O Criador vive imerso no caos e o Empreendedor vive imerso no formalismo e na estruturação.
As forças que compõe o processo de transformação de uma criação em Inovação unem esses dois mundos, aproximando os dois personagens de sua fronteira, unindo-os e fazendo-os interagir e trabalhar juntos através dessa fronteira. Para isso ainda não temos método ou receitas a serem seguidas, e provavelmente nunca as teremos dado o dinamismo a as possibilidades infinitas de arranjos que podem propiciar essa interação.

Quando não há método, ainda assim podemos induzir o comportamento pela adoção de posturas que mudem o comportamento e propiciem novas possibilidades. Na mecânica quântica, quando estimulamos uma partícula a abandonar seu estado de inércia, independentemente da energia empregada no processo, existe uma nuvem de possibilidades de novas posições e estados físicos que essa partícula pode adotar. O que pode influenciar é a atitude ou o comportamento ativo ou passivo tanto da partícula quanto da fonte da energia aplicada, na intenção do resultado.

No caso da Inovação, também existe uma nuvem de possibilidades de resultados diferentes para a interação entre o empreendedor e o criador, mas não há métodos para assegurar resultados previsíveis no esquema formal e estruturado onde a criação deverá se tornar uma inovação, portanto, o único recurso que temos para influenciar essa processo é a nossa atitude.

Tanto o Criador quanto o Empreendedor devem ser Observadores Ativos nesse processo, observando e percebendo, mas dialogando constantemente através da fronteira entre o formalismo, a estrutura e o caos. Observando o comportamento, questionando de forma positiva, especulando e tentando influenciar um ao outro através da fronteira, para escolher, influenciar e transformar uma criação em uma Inovação capaz de criar e sustentar surpresas, experiências e sonhos que irão influenciar o dia-adia das pessoas, tornando-se um produto ou um serviço genuinamente indispensável.

Nesse processo, a análise ou a percepção das tendências de comportamento coletivo podem ser um instrumento indispensável no direcionamento do diálogo, mas não na influencia direta dos resultados, pois isso empobreceria a Inovação de originalidade e de conteúdo experimental genuíno, tornando-se uma mera imitação.

O outro personagem que tem um papel preponderante na linha histórica dessa questão é o Educador, que como o Empreendedor, está do lado formal e estrutural da equação. Mas não se pode falar em Educador sem falar em Educando, e estes, como os Criadores, estão também imersos no caos. Mas o papel do Educador nesse processo é diferente do papel do Empreendedor. O Educador deve se despir do formalismo e das estruturas e deve mergulhar no caos em busca dos Educandos. Deve orientá-los a se aproximar da fronteira entre o caos e o formalismo, mas não pode influenciar o Educando na sua escolha em permanecer no caos, ou atravessar a fronteira para o outro lado, pois não há um lado certo nessa fronteira. Por outro lado, se o Educador for especialmente eficiente, ele pode fazer a linha tênue da fronteira desaparecer, se desvanecendo em uma névoa, atenuando a fronteira para que possamos ter Empreendedores se aventurando no caos e Criadores experimentando o formalismo e a estruturação do mercado.

A responsabilidade do Educador é maior, na medida em que ele também deve assumir a postura de observador ativo, deve provocar e estimular, mas aqui ele deve esforçar-se ao máximo para não influenciar. Educar é o ato de conduzir à descoberta e não o ato de descortinar a verdade, pois a verdade é claramente uma nuvem de possibilidades quânticas.