sábado, 28 de fevereiro de 2009

União

Entrei.
Atrás de mim o vento doce se esgueirou pela porta
E tomou conta do espaço

Lá dentro, eu me vi suspenso no ar
Eu te vi do avesso, seu Eu, sua alma
Pairavam no espaço e preenchiam todo o ambiente
Sem se importar comigo ou com o vento

Totalmente envolto na calma e no calor da sua presença
Voltei no tempo
Toda a minha vida em um flash atemporal
Minha história desta vida e de tantas outras vividas
Tudo se tornou consciência

Em meio a cena aberta a minha frente
Vi teu corpo atual, e atrás dele vi outros corpos, de tuas outras vidas
Vi homens, mulheres, crianças, velhos
Vi o caminho da tua evolução
Vi a forma que assumistes em outros planetas e galáxias

Te vi em forma pura, cintilante
Recordei nossos dias em Capela, antes do exílio
Te vi desabrochar enquanto evoluías
Enquanto passavas de um casco ao outro,
De um invólucro ao outro.

Te via cada vês mais leve, mais etérea
Mais iluminada
Aprendi com você naquela fração de segundo
Recordei com você
Sofri e me emocionei com você
Nasci várias vezes e várias vezes ascendi da matéria temporal

Percebi no instante seguinte a tua grandeza a tua bondade e sabedoria
E ao final daquele instante breve e infinito
Retornei ao peso da nossa existência
E novamente eu te vi, deitada na cama,
Semi coberta,
Semi adormecida
Me olhando por sob as pálpebras, entre as imagens dos seus sonhos

Me aproximei e te acariciei os cabelos
Beijei tuas costas, preguiçosamente semi exposta entre as dobras do lençol
Te vi e te senti de múltiplas formas, em múltiplos planos de existência e consciência
E me vi teu aprendiz, teu servo, teu mestre e teu amante
Me vi apaixonado por todas as formas passadas, presentes e futuras da tua existência.
Me vi como o teu guia, que cegamente te seguia pelo caminho, para muito além das montanhas
Do deserto, do mar, do firmamento, das estrelas, do limite do universo.

Mergulhei suavemente em você, me misturei ao seu corpo e à sua alma,
Nos tornamos um só
O Hermafrodito Hermético
Ser completo, onde os 2 princípios da criação se equilibram, se completam se originam e se encerram
Nos tornamos a salamandra alquímica que engole a própria cauda
A Fênix do grau Maçônico, do eterno retorno, da eterna morte e renascimento

Nos tornamos as proporções ideais da matemática divina,
Algoritmo limite, em base natural, que descreve a elipse perfeita
A forma primordial do universo, da divindade que tem o poder de se recriar
Que encerra em si mesma o bem e o mal
O masculino e o feminino
A luz e as trevas
Os quarks e os fótons de ante-matéria.

Ali, naquele instante de consciência, nossa união se tornou completa
Um orgasmo sideral, cósmico, espiritual
Da nossa união nasceu um novo universo, que se nutriu de nós mesmos
E carregou nossa herança para para o futuro, para as novas gerações
Que hão de nos originar, nos criar um dia, no longínquo futuro passado
No ápice da curva do tempo.

Ali mais uma vês nosso amor se consumou e nos levou mais próximo do nosso princípio divino.

Seja Feliz.

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