sábado, 28 de fevereiro de 2009

Teus Mistérios

Teus Mistérios

Éres um mistério, uma deliciosa icógnita
Quando me olhas, não me permites te interpretar
Te vejo ansiosa, compenetrada, aflita, contente, auto-controlada
Me enganas e me instigas, depois me olhas furtivamente

Teu corpo se move suave, contradizendo teu semblante,
Teus cabelos te denunciam e a tua pele te trai às vezes,
Quando queres me provocar,
Ficas rubra, levemente

Imagino a seda de suas faces, quase sinto tocá-las
Como maçãs vermelhas, carnudas, maduras,
Quentes do sol do outono, e eu não vejo a hora

Sinto graça em suas mãos, pequenas, fortes, decididas
Gosto quando acariciam as minhas
Te vejo em Yeronimus Bosch, em seu Jardim da Delícias
Ali te vejo em várias formas, tua centelha refletida

Quando te moves, teu corpo te denuncia
Durante o dia te escondes, emoções camufladas
Mas te pego em flagrante, se movendo,
suas emoções, medos, desejos tudo fica aparente

As chaves dos teus mistérios são muitas,
Segredos e combinações sempre trocados
Imagino o turbilhão de emoções, desejos, anseios
Que se escondem em teus mistérios

Agraciado o que puder abri-los, terei eu um dia essa sorte?
Mesmo que sempre guardes alguns mais profundos para ti mesma
A sorte de quem puder te beber, sorver teus mistérios por todos os sentidos
Tua silhueta te trai, te denuncia, te apresenta sensual, desejosa, mas refratária

Éres um mistério, quero te decifrar todos os dias.

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